Ninguém sabe do que trata o decreto-lei sobre o estatuto dos Açores. Ninguém sabe, nem ninguém quer saber, lembremos-nos que as recentes eleições houve uma abstenção de mais de 60%. Confesso que me dediquei a tentar encontrar as alterações aos estatutos existentes e cheguei às seguintes conclusões:
- Há muito falta de informação nos meios de comunicação social. Uma lei que merece um duplo veto merece atenção redobrada.
- Pelo comunicado tão anunciado pelo Presidente da República em Julho e consequentes vetos os Estatutos devem dizer coisas mesmo horriveis do seu cargo.
- O PS deve "falar" uma língua e o Cavaco outra. Não é normal termos um Presidente a vetar uma lei, a lei ser alterada e vir de novo um veto.
Por último, podemos dizer, aqui no Continente, que isto não nos diz respeito. Eu acho que diz, eu aho que tudo o que envolva Portugal nos diz respeito. Mas como escreveu Paul Válery (Poeta/Ensaísta/Crítico Francês): "A política foi primeiro a arte de impedir as pessoas de se intrometerem naquilo que lhes diz respeito. Em época posterior, acrescentaram-lhe a arte de forçar as pessoas a decidir sobre o que não entendem".
João G Torres
1 comentários:
Estive a pensar sobre qual o post que devia comentar. Dada a falta de consenso comigo mesma, decidi-me pelo último.
Sobre o assunto em si, e em relação às tuas conclusões, digo apenas que:
1. A nossa comunicação social, de um modo geral, não presta. A informação dada é muitas vezes pouco rigorosa e oferecida de um modo muito superficial. Na maioria dos serviços informativos, o tempo é despendido com assuntos pouco importantes: futebol e fait-divers. Viva o Mário Crespo!
2. Aparentemente, os senhores dos Açores pretendem que a dissolução da sua a
Assembleia Regional envolva processos mais complicados do que a dissolução da Assembleia da República. Para um país tão pequenino, temos gente a sentir-se muito excluída e a agarrar-se muito à sua "identidade".
3. Começo a ficar cansada de esperar pelo fim da lua-de-mel entre o PM e o PR...
Porém, o que mais me interessou neste post foi a questão da abstenção.
Até que ponto, alguém eleito por menos de 40% da população, possui legitimidade? Aliás, até que ponto podem ser aceites resultados de escrutínios em que menos de metade da população votou?
E depois, a velha questão da obrigatoriedade do voto, da relação idiota e dupla que os portugueses têm com o Estado e da visão estranha do Povo sobre os direitos e deveres dos cidadãos...
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